sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um pouco de história faz bem...

Este texto foi criado em resposta a uma discussão de um tópico da comunidade "Los Toros" no orkut.

O Brasil teve uma colonização e ocupação comparada aos EUA,por exemplo,devido à inúmeros fatores. Uma sociedade de pensamento medieval como era Portugal naqueles tempos (mas 1ª a formar um Estado Nacional unificado, seguida da Espanha, diferentemente das outras que se formaram posteriormente como Inglaterra, França, Alemanha que viviam de forma um pouco mais "desorganizada" pela descentralização política própria da Idade Média) só poderia ter colocado em prática quando se lançou aos mares e por interesses econômicos através da costa da África e logo em seguida no Brasil aquilo que eles ( e todo o resto da Europa) tinham conhecimento de muito tempo: a implantação da escravidão e do latifúndio (esta que é uma palavra de origem latina, romana)

A colonização de exploração e não de povoamento fez e faz a América Latina ser diferente da América Inglesa, a ideologia protestante (cristã) de predestinação também contribuiu para criação da empáfia dos ianques em relação aos demais países, culturas e populações do mundo, diferente da ideologia católica de obediência. Contribui, mas não é determinante.

Os ingleses, franceses, alemães e etc somente criaram uma identidade nacional e um sentimento de pertencimento ao seu lugar de origem quando tiveram contatos com os astecas, incas, cherokees, apaches, tupis-guaranis, tupinambás e assim por diante. Ou seja quando ao se depararam com o "diferente", resolveram impôr a sua ideologia como sendo a melhor, o seu deus como sendo o único e verdadeiro, a sua cultura como superior. Simplesmente não "descobriram" a América e sim encobriram à sua maneira inúmeras culturas de vasto conhecimento científico, técnico, cultural e que pouco ou quase nada chegou até a nossa atualidade.E, não sabemos, pois na história não existe um "se", mas poderia ter sido diferente "se" os Incas ou os Astecas tivessem tido tempo de levarem sua cultura para outras partes do continente americano.

Outra questão por exemplo é que um país como a Inglaterra só se tornou o que se tornou devido ao pagamento das dívidas que Portugal tinha com os ingleses com o ouro brasileiro. A Europa só conseguiu dar o "pulo do gato" em relação à Revolução Industrial devido à prata e pedras preciosas das cidades andinas e de todo o resto da América.O problema foi a utilização de nossas terras de forma exploratória (isto no âmbito da visão política-econômica) e da orientação religiosa (isto em relação à ideologia dominante)
E outra: coitadismo é o que não se deve ter jamais. Críticas são bem vindas, principalmente se for para melhorar a situação e devem ser feitas. Mas percebi aqui que fala-se como se o "povo brasileiro" fosse totalmente alheio às coisas à sua volta.Se fossem totalmente alienados, não teríamos na nossa história as várias insurreições, revoltas escravas, criação de quilombos, pelo fim do escravismo e da colonização implantada no país desde o seu nascimento. Isso se chama resistência. E ela pode vir de várias formas, desde a da luta direta até a mais velada, de baixo dos panos.As classes dominantes do nosso país nunca quiseram um povo pensante, pois um povo que pensa dá muito trabalho. Resolveram, ao fim e ao cabo acabar de vez com a escravidão que já estava morimbunda em meados de 1880 e que se virem os pobres, os negros e tudo mais. Diferentemente dos EUA que deram (isso mesmo) terra para seus ex-escravos trabalharem, aqui foi um cada um por si e que se virem como der (ponto para os ianques, mas como disse antes, a forma que ocorreu lá foi diferente da daqui)

Outro grande problema no Brasil é a terrível discrepância da distribuição de renda que existe. Um país entre as 15 maiores economias do mundo e ter tanta pobreza, é sinal que o grosso do dinheiro está nas mãos de muito poucos. E não é na minha e nem na sua.

Então é por isso que vemos nos nossos dias medidas políticas paliativas de mea culpa, que são assistêncialistas e que não vão resolver o problema, apenas sanar momentaneamente ou nem isso. Mas conheço muitos amigos e colegas que graças ao Enem puderam começar um curso superior com meia bolsa ou integral, pois condições de pagar uma faculdade (cursos de "pobre" é fácil, inclusive o meu curso é um dos que incluo na lista, mas "cursos de elite" como medicina, direito, engenharia e etc apenas os mais abastados financeiramente) pois um trabalhador não tem condições de bancar os estudos, casa, roupa e etc. A UFRGS, por exemplo, tem muito mais estudantes que tiveram condições de frequentar as melhores escolas do que os sem grana da vida e isto é fato.

Educação? Como professora de história formada, acho que ela é a base de tudo. Não apenas a da escola, mas a da família principalmente.Porém estamos vivendo uma crise de valores muito grande, devido exatamente ao enorme desenvolvimento tecnológico que chegamos, a rapidez que uma informação se desatualiza é imensa. E desta forma a perda de valores importantes como honra, lealdade, ética acabam passando tão rápido quanto a última atualização do orkut. Mas isto é outro assunto.

Agora acredito que não devemos menosprezar o que somos, a cultura brasileira tem sim uma enorme e riquíssima diversidade e seu valor, assim como a contribuição de todos os povos formadores do Brasil. Carnaval, novela e big brother são legítimos fatores imbecializantes que servem exatamente para alienar as pessoas, como disse antes, povo pensante é povo perigoso.Como se um americano mediano que vive em um trailer qualquer caindo aos pedaços, que toma cerveja e se aliena no 04 de julho e nos jogos de beisebol e rugbi (o típico Homer Simpson) não fossem muito mais "imbecis" por defenderem guerras de sua
maravilhosa nação contra o Iraque, Afeganistão, Coréia e etc. Mas não é toda a sociedade americana que é, pensa e age assim. Assim como todo Império um dia acaba perecendo, um dia eles também vão cair, é fato histórico.

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