sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Pausa para uma pequena reflexão sobre o carnaval

Começou a festa popular. Dessa forma, com muito calor, confetes, serpentinas e samba no pé, inicia-se mais um carnaval em nossas vidas.

Nossas vidas? Na minha não! O carnaval no Brasil surge como um grande espetáculo que nada mais é do que o famoso pão e circo romano tropical.

Aliás, o carnaval tem história. Desde a Grécia Clássica (lá pelos idos dos anos 500 A.C) já se comemoravam de forma orgiástica cultos em homenagem ao deus da fertilidade (será por isso que carnaval é sinônimo de promiscuidade?) Roma  Antiga também não ficava para trás. No auge do Império, que teve início com o reinado dos Doze Césares (a partir de 14 A.C) que os festejos em homenagem a Baco (deus do vinho) que surgiram "gloriosas" festas e honras embaladas pelos delírios inebriantes causados pelo alto consumo da bebida do deus e assim popularizando os bacanais, que entraram para os anais da história (e nos de muita gente).

Não bastasse isso, assim como as lutas de gladiadores até a morte, os leões devorando vivos cristãos, tais honrarias também faziam parte do complexo "vamos divertir o povo para que eles esqueçam as nossas falcatruas". Isto não soa familiar?

O legal que até a Igreja Católica aceitou como festejos populares durante toda a Idade Média. As aldeias podiam ter um pequeno período de recesso para realizar os folguedos (porém não como os bacanais, obviamente que a Igreja condenava isto, não é mesmo?) Mas o melhor ainda estava por vir. Veneza, a grande cidade da Itália Renascentista foi uma grande propagadora dos primórdios do Carnaval que conhecemos. Com belas fantasias e magníficas máscaras, a época dos festejos era marcado pelo famoso "libera geral" onde cobrir o rosto era uma forma de não distinguir entre ricos e pobres e assim a orgia rolar solta, por isso dizem que o termo "carna valle" originado do latim significa "adeus à carne" ou "prazeres da carne".

E assim, lentamente, com o passar dos anos a nossa festa popular foi evoluindo, no início do Império no Brasil, como uma inocente brincadeira de jogar farinha, água, limões de cheiro e outros líquidos que poderiam ser até urina e sêmem (argh!) nos transeuntes desavisados...ao final do século XIX já tínhamos as primeiras marchinhas de carnaval, como o até hoje famoso "ô abre alas que eu quero passar" composto pela primeira regente feminina Chiquinha Gonzaga.

E na atualidade, o Rio de Janeiro (eterna capital do Brasil pros gringos) é o responsável pela maior festa de carnaval no mundo. Grande coisa! Se isso fizesse do Brasil um país melhor, mas ao contrário, uma economia que figura entre as 15 maiores do mundo tem uma das piores distribuições de renda do mundo, onde a riqueza concentra-se nas mãos de pouquíssimos e onde não temos qualidade nos serviços mais básicos para viver dignamente (educação, saúde, segurança, moradia, lazer e olha que dinheiro é o que não falta!). A alienação e a cegueira que paira na população nesses dias de festa são revoltantes, mas uma boa dose alienadora tem que existir para as coisas não acontecerem. O mais engraçado é que os governantes vêem o País do Carnaval como uma potência tal qual Roma já fora. E sua postura é digna de uma potência romana. Na política do pão e circo, nota 10, no descaso com a população, nota 10, no desrespeito com os trabalhadores, nota 10, mas na realidade não passa de uma grande aldeia que tem muuuuuiiiito a melhorar em outros quesitos. Neste caso o Brasil deve retirar o seu bloco da avenida porque a bateria, o samba-enredo e as alegorias estão em descompasse com o conjunto da obra merecendo uma sonora nota zero e rebaixada para o grupo de acesso.

 Acorda Brasil porque está ficando tarde!!!!